segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Ao Inverno

Escuro. Um manto de cobalto que me rodeia. Oiço os motores rugindo à minha volta e pairo com mil estrelas. Áureas e brônzeas na escuridão, não marcam caminhos. Espalham-se indefinida e aleatoriamente, um mar sem fim, sem ondas. Não temente, viajo por meio delas passo e o vento que voa nos meus cabelos e me traz o inverno.

Traz não, leva-mo.
Para longe, para longe...

Não vás! Fica. Adormece-me com teus braços profundos. Acolhe-me, frio assombroso que gela a alma, que me dás abrigo na noite escura da civilização desalma. Não olho para trás e ele segue, surdomudocego a preces e todas as messes, sua jornada contínua, sempre libertina, o frio que vai embora e gelado me deixa. Anseio por seus braços já, enquanto ainda está.

Vergasteja o meu rosto, abre-me os lábios e os olhos! Envolve-me em teu vento, rodopio frio sem brio o teu poderio. Dá-me a tua justiça, fortalece-me!

O Inverno está a chegar. O Inverno já foi.


E agora tremo de frio.

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